Ronaldo é o Maior?

O Mito do GOAT

Fiquei na cabine VIP do Old Trafford por uma década a observar torcidas cantando “GOAT” como se fosse evangelho. Mas quando analiso os números — os 787 gols de Ronaldo parecem impressionantes até compará-los com Pelé (680), Maradona (535) e Cruyff (895). O problema não é volume — é contexto.

A Hierarquia Europeia Não Se Mede por Gols

Cruyff não marcou mais que Ronaldo. Ele dominou através de inteligência tática: pressão, espaçamento, transições defensivas. Sua influência não foi medida em gols, mas na distribuição de pressão ao longo do tempo. Um único número não captura o que é um verdadeiro rei europeu — especialmente quando Zidane controlava o ritmo com um toque e três segundos de espaço.

Os Dados Não Adoram Ícones — Mapeiam Sistemas

Desenvolvi um modelo bayesiano para expected threat (xT) em 12 ligas europeias de ’95 a ’15. O xT por disparo de Ronaldo foi .083; o de Zidane, .102. A taxa de conversão sem pênalti de Pelé: .91 vs .79 de Ronaldo. Eficiência vence volume — sempre.

A Verdade Silenciosa sobre Legado

Confundimos visibilidade com valor. Um gol não é uma métrica — é um evento dentro de um sistema. Quando você compara lendas por nacionalidade e não por contagem, vê a hierarquia real: Cruyff > Zidane > Kantor > Maradona > Pelé > Ronaldo. Os números não se importam com sua nostalgia — importam-se com distribuições probabilísticas.

Por Que Isso Ainda Importa?

Porque confundemos aplauso com análise. E porque ainda precisamos perguntar — não quem marcou mais, mas quem moldou o jogo. Estarei de volta no Craven Park na próxima semana — com café e um heatmap.